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Portugal Turns to Space Support While Holding Back on EU Fire Aid

Environment,  Politics
By The Portugal Post, The Portugal Post
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As chamas voltaram a ser notícia, mas, para já, a principal ajuda que Portugal pediu à União Europeia chega apenas sob a forma de pixels: imagens detalhadas dos satélites Sentinel-2. Enquanto isso, bombeiros e meios aéreos nacionais lutam em Arouca e no Parque Nacional da Peneda-Gerês, e o Governo mantém na gaveta o pedido formal de reforços que, em anos recentes, trouxe aviões Canadair de vários países.

Entre o telescópio espacial e o telefone vermelho

Quando o fumo começou a subir no final de julho, Lisboa recorreu de imediato ao serviço Copernicus para obter mapas de alta resolução que ajudam a desenhar linhas de contenção. Ao mesmo tempo, decidiu não acionar o Mecanismo Europeu de Proteção Civil, o protocolo que, numa questão de horas, envia esquadrilhas de bombardeiros de água e equipas internacionais. Oficiais da ANEPC argumentam que os 76 meios aéreos já contratados permitem ganhar tempo até perceber se agosto se tornará o pico da crise. Críticos lembram que, em 2024, o acionamento precoce desse mesmo mecanismo reduziu a frente ativa na Madeira em menos de dois dias.

Onde arde e o que muda para quem vive ou visita

O incêndio que começou nos vales graníticos de Arouca alastrou para Castelo de Paiva, mobilizando mais de 770 operacionais espalhados por encostas difíceis de mecanizar. Mais a norte, no Parque Nacional da Peneda-Gerês, as labaredas forçaram o corte de trilhos populares e desviaram autocarros turísticos na N308. Para residentes estrangeiros ou veraneantes, a situação de alerta já impõe proibição de queimadas, restringe passeios em áreas florestais a determinadas horas e permite à GNR isolar acessos sem aviso prévio. Seguradoras recordam que a falta de limpeza de mato num raio de 50 m pode anular indemnizações.

O que faz a "câmara" europeia

A bordo a mais de 700 km de altitude, os sensores multiespectrais dos Sentinel-2 entregam aos analistas portugueses informação crítica: velocidade de propagação, intensidade térmica e previsão de dispersão de fumo. O módulo EFFIS do mesmo programa projeta perigo de incêndio a 10 dias e estima emissões de partículas que podem agravar a qualidade do ar no Porto ou em Vigo. Tudo gratuito para Estados-Membros, mas indispensável quando nuvens densas escondem o fogo às patrulhas aéreas.

Política ou prudência?

O Presidente Marcelo Rebelo de Sousa aconselha contenção: acionar o mecanismo europeu demasiado cedo "banaliza a excecionalidade" e pode dificultar pedidos futuros. Do lado oposto, autarcas de Ponte da Barca e líderes partidários da oposição defendem que aviões estrangeiros pré-posicionados poupam horas decisivas quando o vento muda. Bruxelas, por enquanto, confirma apenas o pedido de satélite; nenhum sinal vermelho, nenhum Canadair na pista.

Se está por cá, proteja-se assim

Antes de marcar um trilho ou um churrasco, consulte o Índice Português de Qualidade do Ar; valores acima de 150 recomendam máscara FFP2 em atividades ao ar livre. Evite estacionar sobre vegetação seca — este ano já houve 23 ignições causadas por escapes quentes. Entre as 11 h e as 18 h, o acesso a zonas florestais classificadas está suspenso; infratores arriscam coimas de até €2.500. Para alertas em inglês e georreferenciados, a aplicação oficial Fogos.pt atualizou recentemente a sua interface.

Agosto ainda pela frente

O IPMA antecipa picos superiores a 40 °C no Interior Centro durante as próximas semanas. Permanecem de prevenção 14.000 agentes e 70 aeronaves, além de duas unidades de bombeiros polacos já instaladas em Viseu no âmbito do programa rescEU. Caso o cenário ultrapasse a capacidade nacional, a Comissão Europeia tem 22 aviões de combate a incêndios estacionados em Espanha e Itália prontos para descolar. Até lá, o país confia nos olhos que vigiam do espaço — e na esperança de que o telefone vermelho não precise mesmo de tocar.