Sintra Surplus Showdown Sparks Spending Fight Ahead of 2025 Vote

A campanha autárquica em Sintra mal aqueceu e já se tornou num campo de batalha sobre quem gere melhor o dinheiro público. Num comício no Terreiro das Merendas, o secretário-geral do PSD, Hugo Soares, acusou os socialistas de transformar o orçamento municipal num “mealheiro” guardado a sete chaves, enquanto o próprio executivo de Basílio Horta exibe resultados financeiros elogiados pelo Tribunal de Contas. Entre trocas de farpas, metáforas culinárias e números de muitos zeros, a discussão sobre as contas sintrenses tornou-se o primeiro grande tema da corrida eleitoral de 2025.
Um cofre cheio ou investimento adiado?
Soares não poupou nas palavras: em vez de obra, disse ele, houve "doze anos de acumulação". O dirigente social-democrata alega que a maioria socialista tem preferido engordar saldos de gerência em detrimento de “infraestruturas que façam diferença na vida das pessoas”. A expressão “mealheiro do PS” foi repetida várias vezes, convertendo um conceito técnico — resultado líquido — numa imagem de porquinho de barro que se enche mas não se parte.
O que mostram os relatórios oficiais
As contas disponíveis contam outra história, ou pelo menos uma versão menos dramática. Segundo o Anuário Financeiro dos Municípios, Sintra foi a autarquia de grande dimensão com melhor eficiência financeira em 2022 e 2023. O próprio município divulgou um superavit de €50.3 M no final de 2023, sublinhando “total autonomia” e zero dívida. O Tribunal de Contas não identificou irregularidades e o Ministério Público não conduz qualquer inquérito. Para já, o “mealheiro” é uma metáfora política, não um achado de auditoria.
Silêncios e contrapontos do PS
Basílio Horta, presidente da câmara e figura histórica do centro-esquerda, optou por não responder diretamente às provocações. Fontes próximas lembram que uma parte importante do saldo decorre de fundos europeus e do imposto municipal sobre imóveis, cuja execução de obras públicas obedece a calendários plurianuais. O PS nacional seguiu a mesma linha: prefere falar de habitação, saúde e transportes — temas onde aponta o dedo ao Governo PSD-CDS — em vez de alimentar a polémica do porquinho.
Marco Almeida e a coligação laranja-azul-verde
A crítica partiu de Hugo Soares mas serviu sobretudo para embalar a candidatura de Marco Almeida, vereador dissidente que regressa em força com o apoio do PSD, da Iniciativa Liberal e do PAN. O bloco espera conquistar eleitores para lá da base tradicional de centro-direita e garante que, se vencer, “parte já” o tal mealheiro para lançar um pacote de obras em mobilidade, escolas e requalificação urbana. “Sintra precisa de energia, não de almofadas financeiras”, resume um dirigente liberal.
A metáfora do hambúrguer e o espectro de Chega
O discurso de Soares teve ainda munição para a direita radical. Sem citar André Ventura, o social-democrata ironizou quem "confunde cidadãos com hambúrgueres", recordando a polémica em que o líder de Chega comparou concessões de fast-food a políticas de imigração. A mensagem serve dois fins: afastar o PSD de discursos identitários e desafiar os eleitores que flutuam entre o centro-direita e o populismo a apoiarem a coligação que considera “responsável”.
Porque é que isto interessa fora de Sintra
Quem vive em Lisboa, Cascais ou Mafra cruza-se todos os dias com os efeitos das opções de Sintra, seja na linha ferroviária de Sintra, no tráfego da IC19 ou na pressão imobiliária que atravessa a Área Metropolitana. Se o próximo executivo libertar dezenas de milhões de euros, projetos como corredores BUS, parques dissuasores ou residências universitárias podem sair do papel e beneficiar a região inteira. Por outro lado, uma estratégia de contenção manterá as contas brilhantes, mas adiará respostas a problemas de mobilidade e habitação que extravasam fronteiras concelhias.
Olhando para a frente
Até agora não há documentos que sustentem a teoria do “mealheiro secreto”, mas também não há garantia de que cada euro poupado se vá converter em obra visível já em 2026. Entre a aritmética dos relatórios e a retórica dos comícios, os eleitores terão de decidir se preferem saldo bancário ou betão armado. Os partidos entram em outubro com sondagens apertadas e a convicção partilhada de que, neste ciclo autárquico, cada voto será contado como se fosse a última moeda do célebre porquinho.

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