Portugal Hails Ronaldo as the ‘Greatest Ever’—Why That Matters Beyond the Pitch

A notícia podia soar como mera celebração local, mas tem repercussões muito mais amplas: ao coroar Cristiano Ronaldo como “Melhor Jogador de Sempre” na sua própria casa, a Liga Portugal puxou para o Porto – e, por tabela, para todo o país – os focos de boa parte do planeta futebol. Para quem vive em Portugal vindo de fora, isto significa bilhetes que vão esgotar mais depressa, mais turistas a disputar mesas nos cafés onde se discute bola e, claro, nova matéria--prima para conversas de elevador em português ainda titubeante.

A escolha que dispensa debate… ou não?

Nos corredores da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) há quem diga que o prémio era "inevitável"; afinal, nenhum outro atleta nacional empilhou cinco Bolas de Ouro, marcou em cinco Mundiais e atraiu tantos patrocínios para clubes portugueses no exterior. Ainda assim, a decisão gerou curiosidade. A LPFP manteve sigilo sobre o painel de voto, apenas referindo um “colégio misto de antigos jogadores, treinadores e analistas”. Ao contrário de outras categorias, não foram anunciados nomeados alternativos, o que levantou discussões sobre transparência. A Liga rebate dizendo que se trata de um troféu honorífico “fora de competição regular”.

Um vídeo de Riade para o Porto

Ronaldo, atualmente no Al-Nassr saudita, faltou fisicamente à gala de 10 setembro; o craque enviou, porém, uma mensagem gravada em que sublinhou o “orgulho extra” por receber o reconhecimento em território luso. No mesmo ecrã passaram imagens de momentos--chave: o salto quase sobre-humano contra o Sampdoria, o hat-trick ao Atlético e aquele remate de trivela ainda no Sporting. Pepe, Nani e Quaresma – companheiros de várias batalhas – levantaram-se para aplaudir. O selecionador Roberto Martínez juntou o polegar em sinal de aprovação, lembrando que o capitão ainda é peça útil na preparação do Europeu.

Porque é que isto interessa a quem mora (ou vai morar) em Portugal

Primeiro, porque o galardão coloca de novo a Liga Portugal nos noticiários internacionais, fortalecendo o plano de centralizar direitos televisivos até 2027. Mais exposição significa, potencialmente, melhores contratos de transmissão, estádios renovados e maior circulação de receita pelas 34 cidades que acolhem jogos das duas principais divisões. Para expatriados, isso traduz-se em mais facilidades para assistir a partidas via streaming legal fora de casa ou para aproveitar escapadinhas de fim-de-semana a Braga, Guimarães ou Faro sem penar por falta de bilhetes.

Outros laureados e a mensagem política

A noite não viveu só de Ronaldo. Viktor Gyökeres foi coroado melhor futebolista da I Liga pelo segundo ano consecutivo; Rui Borges arrebatou o troféu de treinador-sensação; uma menção póstuma a Jorge Nuno Pinto da Costa lembrou o eterno presidente do FC Porto. A sequência de distinções evidenciou a intenção da LPFP de vender uma narrativa de continuidade: veteranos como Pepe ao lado de miúdos como Geovany Quenda, tudo embrulhado num pacote de "talento à portuguesa" que a organização quer exportar. A mensagem aos investidores estrangeiros é óbvia – vale a pena apostar num campeonato que mistura história e potencial de valorização.

Impacto na marca Portugal

Se vive no país, já notou que Ronaldo serve muitas vezes de atalho para falar de política externa, turismo ou até vinho da Madeira. O prémio reforça essa capacidade de atracção. A Turismo de Portugal prepara-se para integrar a condecoração em campanhas digitais dirigidas a mercados asiáticos, segundo fonte do sector. A própria Região Autónoma da Madeira pondera criar uma rota "CR7 Heritage" que ligue o museu em Funchal ao Campo do Andorinha, onde o atleta deu os primeiros toques. Tudo isto mexe com emprego nos serviços, valoriza imóveis de arrendamento curto e alimenta — para o bem e para o mal — o já aquecido tema da gentrificação.

Como aproveitar a onda: dicas práticas

Para quem chegou recentemente, ver Ronaldo ao vivo em Portugal tornou-se raridade, mas não impossível. Os bilhetes para compromissos da seleção esgotam num piscar de olhos, pelo que convém registar-se na plataforma "FPF 360" e ativar alertas de vendas antecipadas. Se preferir algo menos intenso, visite o Estádio José Alvalade ou o Museu CR7, ambos com tours multilingue. E fique atento: a LPFP estuda um "Passe Legado" que garantirá descontos em merchandising oficial e entrada em museus de clubes para residentes estrangeiros com cartão de contribuinte português.

E se Ronaldo parar?

A pergunta ronda todas as conversas: que acontecerá à visibilidade do futebol português quando o número 7 pendurar as chuteiras? A direção da Liga atira com um gráfico: desde 2019 o campeonato subiu do 9.º para o 6.º lugar no ranking UEFA, muito graças à performance de estruturas como Benfica LAB ou FC Porto B. Analistas lembram, contudo, que a aura mediática do craque não é substituível. A LPFP prepara-se, portanto, para lançar uma campanha narrativa centrada em “herdeiros do trono” — nomes como João Neves, António Silva ou Vitinha –, tentando garantir que o interesse não cai a pique.

O veredito para a comunidade internacional

Num país que já soma mais de 950 000 residentes estrangeiros, qualquer evento capaz de amplificar a marca Portugal deve ser levado a sério. Reconhecer Ronaldo como “Melhor de Sempre” é muito mais do que uma medalha de ego nacional; é uma alavanca económica, um convite a novos patrocinadores e um pretexto adicional para decifrar a cultura que faz vibrar vizinhos e colegas de trabalho. Para quem vive cá, o troféu pode ser apenas mais uma fotografia no feed; para a liga, é a peça--chave de uma estratégia ambiciosa de internacionalização. E, como se sabe, quando a economia do futebol mexe, restaurantes, hotéis e até escolas de línguas sentem o passe.