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Political Firestorm in Lisbon Clouds Promised Housing and Tax Cuts

Politics,  Economy
By The Portugal Post, The Portugal Post
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Paulo Raimundo voltou a fustigar o executivo de Luís Montenegro, acusando-o de vender “promessas e ilusões” num momento em que muitos estrangeiros procuram Portugal à espera de estabilidade, casas a preços razoáveis e um sistema de saúde público sólido. Entre aplausos num comício em Setúbal, o líder comunista avisou que as medidas anunciadas pelo primeiro-ministro poderão deixar tanto portugueses como recém-chegados “à porta de um país caro e desigual”.

Porque é que isto interessa a quem vem de fora

Se comprou bilhete de avião ou já mudou o domicílio fiscal, perceber o debate nacional ajuda a tomar decisões diárias. A oposição garante que o governo não conseguirá materializar a tão falada habitação a custos controlados, enquanto economistas questionam se há margem orçamental para mais isenções de IRS. Para quem planeia investir ou arrendar, o confronto não é só retórico: ele define futuras regras de mercado, níveis de imposto e até o ritmo dos vistos de imigração regulada.

Habitação: a ferida que não fecha

Montenegro prometeu desbloquear 133 000 fogos através de parcerias público-privadas, mas Raimundo afirma que o plano “cheira a negócio para fundos imobiliários”, deixando famílias fora da equação. O comunista recorda a ainda inexistente residência estudantil no antigo Ministério da Educação, em Lisboa, como prova de que “o papel aceita tudo, as obras é que não avançam”. No mercado, agentes reportam subidas médias de 8 % no último ano nas zonas urbanas, um cenário que pressiona sobretudo expatriados sem vínculos laborais permanentes.

Saúde, salários e custo de vida no mesmo tabuleiro

Parte da artilharia verbal do PCP dirige-se ao alegado “desmantelamento” do Serviço Nacional de Saúde. Para estrangeiros que contam com o subsistema público, a falta de médicos de família e listas de espera extensas já se faz sentir. Em paralelo, a inflação nos bens essenciais voltou a tocar 4,1 % em julho, empurrando trabalhadores independentes – categoria que inclui muitos nómadas digitais – para um jogo de equilíbrios entre renda, alimentação e seguros privados. Raimundo acusa o governo de favorecer a banca com o novo pacote laboral, que reduz contribuições das empresas mas, segundo ele, “corta direitos”.

As outras vozes no Parlamento

A crítica comunista ganhou eco, ainda que por razões distintas, entre as restantes bancadas. O socialista Pedro Nuno Santos rotulou Montenegro de “prepotente”, mas rejeitou apoiar uma moção de censura do PCP. André Ventura, do Chega, falou em “desilusão enorme”, enquanto Rui Rocha, da Iniciativa Liberal, cobra esclarecimentos sobre o calendário das 133 000 casas. À esquerda, Bloco e Livre mantêm o fogo cerrado sobre políticas ambientais e sociais, e o PAN lamenta o que chama de falta de estratégia para incêndios cada vez mais intensos. Para quem vive no país, o resultado prático é um Parlamento onde nenhum partido oferece ao governo um cheque em branco.

Contas públicas: há folga ou fogo-de-artifício?

Montenegro garante que o aumento do orçamento da defesa para 2 % do PIB coube dentro do mesmo envelope financeiro, prometendo ainda manter “novo superávit” em 2025. Economistas como João Moreira Rato alertam, porém, que a execução de investimento ficou nos 47 % do previsto em 2024, citando um desvio de mais de €2 B. O Conselho das Finanças Públicas lembra que crescer 3 % com juros em alta será “hercúleo”. Para investidores estrangeiros, o sinal misto exige cautela: Portugal continua a exibir dívida em queda e spreads favoráveis, mas a capacidade de cumprir obras de grande porte permanece em dúvida.

Próximos passos que podem mexer com a sua vida

A proposta final de Orçamento do Estado chega ao Parlamento dentro de poucas semanas e incluirá metas para IRS, habitação e salário mínimo. Se o governo falhar apoios palpáveis até ao Natal, partidos da oposição admitem avançar com uma moção de confiança – cenário que criaria volatilidade no câmbio, nas obrigações do Tesouro e, por arrasto, nos contratos de crédito à habitação indexados à Euribor. Para já, Paulo Raimundo assegura que continuará a denunciar “cada ilusão” que, segundo ele, for lançada pelo Palácio de São Bento. Quem mora – ou pretende morar – em Portugal deve seguir o debate de perto: por detrás das frases sonantes está a realidade que definirá rendas, filas no centro de saúde e até o custo de um pastel de nata na esquina.