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Cross-Border Blaze Near Chaves Subdued, Yet Hotspots Persist

Environment,  National News
By The Portugal Post, The Portugal Post
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A coluna de fumo que durante quatro dias cobriu o vale do Tâmega já não é visível, mas o incêndio transfronteiriço que saltou da Galiza para Chaves continua a preocupar autoridades e moradores. Mais de 5 000 hectares de mato, olivais e floresta arderam desde segunda-feira; nesta madrugada, o fogo passou à fase de vigilância e rescaldo, o que significa que já não há frentes ativas, mas persistem inúmeros pontos quentes que podem reacender com o vento.

Da fronteira a Outeiro Seco: como a chama ganhou fôlego

Carregado por rajadas superiores a 40 km/h, o foco iniciado na província galega atravessou a linha de fronteira em Vilar de Perdizes, chegou às aldeias de Agrela, Torre e Couto e, na quarta-feira, ameaçou a zona industrial de Outeiro Seco. Chamas de até 20 metros lamberam pilhas de lenha e adubos, gerando explosões breves que estremeceram os armazéns. Segundo o comandante sub-regional Artur Mota, "a velocidade de propagação foi aleatória, ditada pelo vento e pelas ravinas que funcionam como chaminés".

Porque este incêndio interessa a quem vive ou investe no Norte

Estrangeiros que compraram casas de campo ou abriram empresas no Alto Tâmega descobriram, da pior forma, que o Norte também queima. As seguradoras locais estimam perdas diretas de €12 M só na madeira industrial armazenada; apólices destinadas a residentes estrangeiros cobrem bens, mas exigem planos de autoproteção que muitos ainda não possuem. Além disso, a A24 chegou a ser cortada perto de Vidago, alterando percursos para o Aeroporto do Porto e obrigando turistas a longos desvios pela N2.

Um esforço binacional pouco divulgado, mas decisivo

A cooperação luso-espanhola não ficou apenas nos comunicados. Três Canadair espanhóis retirados de Zamora, dois helicópteros Kamov portugueses estacionados em Lamego e mais de 300 bombeiros trabalharam em rotatividade. Voluntários de Verín atravessaram a fronteira com tratores e giestas molhadas, improvisando aceiros em Vilela Seca. Na retaguarda, o Mecanismo Europeu de Proteção Civil enviou combustível de aviação e equipas de análise meteorológica que, em tempo real, previam mudanças de vento a cada três horas.

Está mesmo controlado? Nem por isso

Embora o fogo tenha sido declarado em "resolução" durante a manhã de quarta-feira, uma reativação às 14h30 provou que o solo ainda armazena calor suficiente para produzir labaredas. Especialistas da Universidade de Trás-os-Montes alertam que troncos ocos podem manter-se a 400 °C internamente durante 48 horas. Essa energia latente, combinada com a descida da humidade abaixo de 20 %, obriga a manter no terreno mais de 120 viaturas até, pelo menos, domingo.

Meteorologia: o inimigo ainda assopra

O Instituto Português do Mar e da Atmosfera prevê para sábado temperaturas acima dos 39 °C em Chaves, vento de nordeste com rajadas de 45 km/h e humidade relativa mínima de 15 %. Este trio – calor, vento e secura – classifica o concelho em "perigo máximo" de incêndio. Para estrangeiros pouco habituados à terminologia local, isso implica proibição de queimas agrícolas, circulação condicionada em caminhos florestais e multas superiores a €5 000 para quem usar maquinaria que possa gerar faíscas.

O que fazer se morar perto de área ardida

Moradias reconstruídas em xisto e quintas renovadas para turismo rural ficaram cercadas por vegetação queimada, agora frágil à erosão. Especialistas recomendam:• Retirar troncos caídos num raio de 50 metros da casa.• Limpar caleiras para evitar entupimentos quando a primeira chuva chegar.• Fotografar danos visíveis antes de qualquer reparação; as companhias de seguros pedem prova documental.• Verificar a qualidade da água de poços, pois cinzas podem alterar o pH.

Incêndios e o novo normal climático

Portugal setentrional tradicionalmente servia como barreira húmida contra grandes fogos, mas 2025 inverteu a lógica: primaveras chuvosas geram biomassa, verões extremos secam o "combustível perfeito". O Alto Minho, o Barroso e o interior do Porto somam 70 % das ocorrências deste verão. Investigadores ligam o fenómeno a um Atlântico Norte mais quente, que desloca as baixas pressões para fora da Península, deixando um canal seco entre a Galiza e a Beira Alta.

Olhando para a frente

Com o grosso dos meios ainda em campo, o município de Chaves planeia nas próximas semanas promover sessões em inglês, francês e castelhano sobre planos de evacuação, seguros e incentivos para reflorestação com espécies autóctones menos inflamáveis. Residentes estrangeiros que queiram participar podem inscrever-se junto da Loja do Cidadão ou através do e-mail internacional@cm-chaves.pt. A lição deste fogo é clara: fronteiras são linhas no mapa, mas quando o vento sopra a 70 km/h, a segurança de todos depende de cooperação – e de preparação individual – em ambos os lados.