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Coligação de direita vence no Porto; Pizarro admite derrota e Duarte assume a Câmara

Politics
By The Portugal Post, The Portugal Post
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Portuenses acordaram com um mapa político redesenhado na madrugada de 13 de Outubro, na sequência das eleições autárquicas realizadas no domingo, 12 de Outubro de 2025. O socialista Manuel Pizarro reconheceu publicamente a derrota e prometeu exercer uma oposição “sem bloqueios”, enquanto o social-democrata Pedro Duarte prepara-se para dirigir a segunda maior cidade de Portugal apoiado por uma coligação alargada à direita. A mudança encerra uma década de governação independente na Invicta e lança uma discussão mais ampla sobre a saúde eleitoral do PS (Partido Socialista) depois de um 2025 difícil.

A noite em que o Porto virou à direita

A contagem terminou já perto da meia-noite. Quando os últimos boletins foram validados, a coligação PSD (Partido Social Democrata)/CDS-PP (Centro Democrático Social–Partido Popular)/IL (Iniciativa Liberal) surgia com pouco mais de 4 mil votos de vantagem, mas o suficiente para garantir a presidência. Em palco, Manuel Pizarro admitiu perante apoiantes que a derrota era «inteiramente minha», sublinhando que nem o atual líder José Luís Carneiro nem o anterior secretário-geral Pedro Nuno Santos poderiam ser responsabilizados. Ao lado, militantes gritavam palavras de encorajamento para evitar a sua "queda" política.

Atribuir culpas ou olhar para dentro?

Dentro do PS (Partido Socialista), a noite foi amarga, mas não houve caça às bruxas. Dirigentes portuenses elogiaram o "esforço de rua" de Pizarro, enquanto analistas chamaram a atenção para três fatores decisivos: abstenção persistente, o efeito de "nacionalização" da campanha e o desgaste de um governo socialista em Lisboa. A taxa de participação ficou novamente abaixo dos 50 %, mantendo uma tendência iniciada em 1989. Politólogos como José Santana Pereira recordam que «quando metade dos eleitores fica em casa, cada erro pesa a dobrar».

Um PS reforçado… mas na oposição

Paradoxalmente, a lista socialista duplicou o número de vereadores – de 3 para 6 assentos –, devido ao sistema proporcional. Pizarro garantiu que será «vereador a tempo inteiro» e que o PS «não travará» projetos estruturantes, mas defenderá prioridades como habitação acessível, reabilitação urbana e novas ligações de transporte. «Não abdicaremos das nossas ideias nem dos 70 000 portuenses que acreditaram em nós», declarou.

O que herda Pedro Duarte

O futuro presidente enfrentará dossiês pesados: conclusão da linha Rosa do Metro — a nova ligação circular que unirá São Bento à Casa da Música —, aplicação dos fundos do PRR (Plano de Recuperação e Resiliência) na habitação e a gestão do Polígono das Antas, há anos em reabilitação. A maioria relativa obrigá-lo a negociar com o PS e com independentes, cenário que comentadores descrevem como «um teste de maturidade política» depois de campanhas "ao rubro" em que a segurança e o preço das casas dominaram os debates.

Sinais para Lisboa e para o resto do país

Para observadores nacionais, a perda do Porto agrava a sensação de "espiral descendente" do PS após ter caído para terceira força nas legislativas de maio. O secretário-geral José Luís Carneiro admite que falhou o objetivo Porto–Lisboa, mas sublinha ganhos noutros concelhos e promete uma "abstenção exigente" no próximo Orçamento do Estado. À direita, a vitória alimenta a narrativa de que existe uma "maioria sociológica" favorável a soluções de centro-direita nas principais cidades.

Olhar em frente: o que pode mudar até 2026

Com novo executivo municipal instalado, os próximos 12 meses serão escrutinados pelos partidos como laboratório para as legislativas de 2026. Se Pedro Duarte avançar rapidamente com licenciamentos mais céleres, zonas de renda moderada e reforço da polícia municipal, consolidará o capital político conquistado. Já Manuel Pizarro aposta numa estratégia de "proximidade" em bairros periféricos para travar a erosão socialista. A batalha ideológica pelo Porto, afinal, está longe de terminar.